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Opinião: prata em Paris traz esperança ao futuro do futebol feminino

O Brasil não conquistou a sua sonhada medalha de ouro no futebol feminino nos Jogos Olímpicos. Uma nova derrota para os Estados Unidos, desta vez por 1 x 0, frustrou o sonho. E foram as mesmas americanas que, em 2004 e 2008, também já haviam conquistado o prêmio sobre a seleção brasileira, já sob a batuta de Marta, que se despediu das Olimpíadas em 2024 sem o seu ouro. Ainda que o tempo tenha sido cruel e até mesmo injusto, ele não pode apagar uma evolução nítida no futebol feminino no Brasil. Ainda que hajam pontos para a melhora, há uma maior organização e relevância do esporte na comparação com vinte anos atrás. E isso vale para todos os países.


Modalidade detentora de inúmeras dificuldades e limitações no início dos anos 90, quando entrou no programa olímpico, o futebol feminino tem sido tratado com mais carinho. Em termos de evolução e apoio social/governamental, nenhum deles chega aos pés dos Estados Unidos, que seguem como a grande potência em Olimpíadas e Copa do Mundo, especialmente. Porém, se olharmos pela ótica do Brasil, é possível entender o tamanho do avanço ao verificarmos, por exemplo, a existência de torneios regulares nas categorias profissionais e a realização de formação de novas atletas na base. Muitos podem considerar o mínimo mas era muito difícil verificar esse cenário até pouco tempo atrás.


Em 2019, as falas efusivas de Marta após a eliminação do Brasil para a França na Copa do Mundo escancaram os olhos para uma realidade que insistíamos em ignorar. Cinco anos se passaram e a CBF entendeu o recado de sua maior craque e ícone. Investiu em torneios e deu aos clubes a obrigatoriedade de criar a categorias de futebol feminino, justamente para alimentar as competições profissionais e de categorias inferiores. Nestas, sugiram os talentos de atletas como a goleira Lorena e a volante Yaya, duas das principais jogadoras nos Jogos. Algumas mais experientes, como Gabi Portilho, ainda podem ser consideras jovens em um time formado por um treinador que já é o maior do país na categoria.


E é justamente Arthur Elias o mentor desse time que sai de Paris com mais notícias boas do que ruins. Superou uma primeira fase extremamente irregular e conseguiu uma virada de chave incrível no mata-mata. As vitórias sobre França e Espanha foram justas e a derrota para os Estados Unidos foi, literalmente, no detalhe. Se o lugar mais alto do pódio não foi atingido, pelo menos houve a certeza de que o crescimento do Brasil segue firme. E a base parece ser bem mais sustentável daquela apresentada na Copa do Mundo do ano passado. A ausência de Marta em dois dos três jogos do mata-mata também, no fim, foi simbólica. As meninas mostraram que há sim vida sem a rainha.


O futuro do Brasil no futebol feminino, e isso não falando apenas da seleção, ainda rende desafios e barreiras. Era utopia imaginar um cenário igualitário em termos financeiros, de interesse e de visibilidade com o futebol masculino. Não há competição e nem é para ter. O futebol feminino tem capacidade de dar passos mais contundentes visando um futuro mais próspero, sem comparações com a modalidade do sexo oposto. Há ainda sim a necessidade de reforço no investimento e na estrutura. As discussões salariais, visando uma maior equiparidade, também não devem parar. A nova realidade, porém, já parece ser mais bela do que a de anos anteriores.



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