Opinião: Cheio de problemas, Brasil cai e estremece relação já fria com o público
- Lucca Marreiros
- 7 de jul. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 8 de jul. de 2024
Este texto já começa com uma grande honestidade: o Brasil não fez por merecer, em nenhum momento, ser campeão da Copa América. Foram quatro partidas pragmáticas, sem envolvimento, por ora tensas e, até mesmo, sonolentas. Talvez, a única exceção deste pacote nada atrativo tenha sido o 4 x 1 aplicado sobre a fraca seleção do Paraguai, lanterna disparada do grupo em que o Brasil esteve na 1ª fase. Porém, até neste jogo, os brasileiros receberam alguns "presentes" paraguaios, o que facilitou o resultado.
A eliminação em um jogo muito pobre contra o Uruguai apenas "assinou a conta" de uma campanha que não animou e, sobretudo, não cativou o público. Seja pela disparidade existente entre os "mundos" do futebol sul-americano e europeu, que não permite muitas vezes disputas em pés de igualdade entre seus respectivos atletas, ou por, simplesmente, falta de ligações mais próximas de alguns jogadores com as raízes brasileiras, fato é que foi difícil torcer para o time. E isso ocorreu em muitos momentos e não por falta de tentativa.
Muito refleti, nos últimos dias, sobre a relação fria que há entre o público e a Seleção Brasileira. Há algum tempo, já a vejo distante dos brasileiros que, de geração em geração, aprenderam a ama-la e respeita-la. Não é que não haja torcida ou interesse. Mas não há mais aquele sentimento que talvez os pais e os avós, há anos, nutriam ou ainda nutrem. E por que isso ocorre? Falta de resultados esportivos? Falta de conexão com as realidades e ambições nacionais? Desinteresse pelo atual em função das nostalgias? Só o tempo dirá.
Verdade é também que o amor e o ódio sempre caminham entre linhas tênues no futebol brasileiro. É assim em inúmeros momentos há pouco mais de 100 anos. Mas desta vez... ele parece diferente. Algo desanimado. Uma sensação de que, talvez, a força do lado de cá foi feita até o limite, as ilusões e ânimos até vieram mas, lá no campo, os desejos e a confiança não foi retribuída. Isso pode ser resolvido? Sempre pode. Mas quando, como e em que condições? De novo, só o tempo dirá.
Honestamente, não acho esta Seleção Brasileira ruim ou pobre tecnicamente. Acredito que, se bem desenvolvida, ela pode ser sim um caminho interessante rumo a Copa do Mundo de 2026. Mas que ele é longo, isso é. E difícil também. Ao mesmo em que não há dúvidas quanto as qualidades individuais de alguns atletas, como Vinícius Júnior, Rodrygo e Endrick, ainda há dúvidas sobre como potencializar estes talentos em conjunto. E essa é uma dúvida que apenas o técnico Dorival Júnior, já bancado no cargo, pode responder.
Fato é que Dorival tem também a responsabilidade na eliminação. Mas ele não pode pagar o pato sozinho. Desde o fim da Copa do Mundo em 2022, o trabalho da e na CBF, no que tange a Seleção Brasileira, é muito ruim e, o ex-comandante do São Paulo se abraça nesta desorganização, que também teve as assinaturas de Ramon Menezes, Fernando Diniz e, claro, do presidente Ednaldo Rodrigues. Ele, que chegou a ser afastado do cargo, voltou e manteve a casa completamente desorganizada. E isso, claro, "entra em campo".
Como houve o desejo de muitos que o fim da "Era Tite" em 2022 tivesse representado um renascimento para o Brasil. E, honestamente, não acho que o atual comandante do Flamengo fez um trabalho ruim na Seleção. Muito pelo contrário. Onde não há unanimidades, foi ele que ficou mais perto dela. Porém, sua saída em dezembro daquele ano escancarou a inacreditável falta de planejamento e comando que a CBF e a própria Seleção tem. A bagunça está aí. E, pra arrumar a casa, a luta será árdua.




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